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  • Tudo sobre a cultura da soja!

    Tudo sobre a cultura da soja!

    A cultura da soja é de extrema importância para o Brasil, não apenas no setor econômico, mas também no alimentício mundial. O consumo de soja vem aumentando muito, principalmente, com o aumento das tendências veganas, que utilizam o grão para recriar pratos de forma natural e saudável, sem a utilização de carne.

    Porém, nem todo mundo conhece essa importância, que na maioria das vezes, fica restrita aos agricultores e pesquisadores da área. Por isso, o nosso artigo de hoje, tem como objetivo falar mais sobre a importância desse plantio, quais são os cuidados que devemos tomar e outras curiosidades que, além de serem extremamente importantes para qualquer trabalhador da área, também oferece conhecimento para qualquer outra pessoa que sinta interesse em conhecer mais sobre esse alimento.

    A soja e sua história

    A soja é uma oleaginosa da família Fabaceae, a mesma do feijão, lentilha e ervilha. Essa é a cultura mais importante da economia mundial, pois possui uma variedade grandiosa de aplicação, podendo ser utilizada para a criação de massas, chocolates, óleos, margarinas, leites, maionese, carnes de soja e muitos outros alimentos, incluindo no setor de alimentação animal, sendo o principal componente de rações.

    Além da indústria alimentícia, a soja também é muito procurada na indústria química, sendo utilizada na composição de plásticos, lubrificantes, vernizes, tintas, cosméticos e até solventes. Ela também tem aplicação na produção de biodiesel.

    Isso acontece porque esse é um grão que possui alto teor de óleo e proteínas, o que colabora para a criação de diversos produtos em todo o mundo.

    Mas você sabe como ela foi descoberta?

    A soja surgiu de uma região chamada Manchúria, localizada na China. Entre o século XV e XVII, durante as navegações, os portugueses e espanhóis descobriram a planta e as levaram para o continente europeu e, depois, consecutivamente, para a américa.

    Durante dois séculos, a soja permaneceu sendo apenas alvo de estudos botânicos, sendo uma planta muito encontrada nos jardins de reis e rainhas, mas quando chegou a América, por volta de 1890, ela começou a ser cultivada para a alimentação animal.

    No Brasil, o primeiro registro do grão é datado em 1882, na Bahia. Porém, os cultivos foram introduzidos apenas em 1891, porque as primeiras tentativas não obtiveram sucesso, por questões de adaptação ao solo.

    Entre 1900 e 1901, o Instituto de Agronomia em Campinas, promoveu a distribuição de sementes de soja para os produtores rurais de São Paulo, mas sua importância economia começou a surgir a partir de 1941, no Rio Grande do Sul.

    Nesse mesmo ano, o Brasil já possuía uma área de produção de 640 hectares, gerando cerca de 450 toneladas do grão por ano. Em 1949, o país já havia subido sua produção para 25 mil toneladas. Ou seja, o estudo e o cuidado, foram tornando a plantação possível e cada vez mais rentável.

    Em 2021, o Brasil ficou em primeiro lugar no ranking mundial de produtores da soja, com venda de 85,6 milhões de toneladas para fora do país.

    Como cultivar a soja com qualidade?

    Depois de todo esse contexto histórico, você com certeza já entendeu a importância da soja para o mercado agrícola do Brasil, certo? Então, está na hora de entender sobre as etapas do cultivo e os cuidados que devem ser tomados para gerar safras ricas e de qualidade.

    1. Cobertura do solo

    Fazer a cobertura do solo é a primeira etapa para garantir um cultivo de sucesso. Reter a umidade do solo e reduzir a incidência de plantas daninhas é essencial, por isso, é extremamente indicado que o agricultor mantenha um sistema de sucessão e rotação de culturas.

    Para fazer isso, é indicado que o agricultor escolha espécies antecessoras que produzam bastante massa seca e tenham baixa taxa de decomposição, tendo como principais apostas o sorgo, milho e aveia.

    Escolher qual produto sucederá o plantio da soja é muito importante para garantir a qualidade da próxima safra, pois assim é possível controlar a incidência de pragas, nematoides e doenças.

    2. Adubação do solo

    O solo precisa sempre ser adubado, mas não pode ser feito de qualquer jeito. É preciso analisar o solo com cuidado, estudando o que será necessário para corrigir a acidez e terminar o processo com a aplicação correta de fertilizantes, sem excessos.

    Isso é o que fará o solo receber os nutrientes necessários para uma boa safra, elevando a qualidade e a quantidade de plantas que você terá ao final do ciclo.

    3. Semeadura da soja

    Durante a fase de semeadura os cuidados devem redobrar!

    Um dos principais cuidados é saber manter a temperatura do solo, onde o ideal é ficar em 25°C. Saber sobre a incidência das chuvas também é importante, porque elas podem impactar diretamente no plantio.

    Durante esse período, você também precisa tomar cuidado com os aspectos operacionais, como a forma de deslocamento dos tratores, a profundidade da semeadura e os aspectos da região onde ocorrerá a colheita.

    Tudo isso ajuda na logística e no aproveitamento dos processos, reduzindo pragas, doenças e perdas desnecessárias que, além de surgirem por causa das mudanças climáticas, podem estar ligadas com as operações humanas.

    4. Manejo

    O manejo é o que realmente impacta na produtividade da colheita.

    Monitorar o desenvolvimento dos grãos é essencial, desde o momento da semeadura, até a colheita, afinal, existem diversos tipos de pragas, que atacam em diferentes estágios do cultivo.

    O manejo integrado, entre produtos químicos e biológicos pode ser feito, mas sem excessos, para não influenciar na qualidade do solo.

    Também é importante lembrar que, dependendo do tipo de inseticida que você usa, as espécies podem começar a evoluir e se tornarem imunes, o que necessita de um cuidado a mais, para descobrir o que poderá acabar com as pragas e plantas daninhas.

    5. Colheita

    Quando as plantas estão próximas do momento de colheita, suas folhas começam a ficar amareladas e caem, assim como as sementes perdem a umidade. E essa é a hora de iniciar a sua colheita.

    E quais são as principais pragas ?

    Corós: podem variar de acordo com as regiões do país, tendo sua presença notada quando começam a aparecer reboleiras de plantas com sintomas, geralmente de forma irregular na lavoura.

    Os corós são nocivos logo após a emergência das plantas e causam danos no sistema radicular da soja, levando ao enfraquecimento, tombamento e à morte.  Essas larvas possuem corpo recurvado e esbranquiçado, cabeça marrom e podem chegar a 4cm de comprimento.

    Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis): Essa é a principal causa de desfolheamento da soja no Brasil. Apresenta cor verde, com cinco estrias brancas sobre o dorso. Quando a população é alta, podem assumir coloração negra, ainda com as estrias brancas.

    As lagartas costumam raspar as folhas, perfurando-as. Quando crescem, elas se alimentam da superfície foliar, o que pode fazer com que as folhas sejam completamente consumidas.

    Mosca-branca (Bemisia tabaci): Possui cerca de 1mm e cor branca, por conta da cera presente em suas asas. Elas retiram nutrientes das plantas e transmitem doenças.

    Quando infectada, a planta pode sofrer alterações no desenvolvimento reprodutivo da planta, reduzindo a produtividade.

    Essa espécie vive no inferior da folha, se alimenta da seiva, extrai nutrientes e causa manchas nas folhas, que murcham e caem.

    Todas essas pragas podem ser controladas por meio da utilização de químicos e bioinsumos, dependendo da incidência e do estrago causado. Por isso, saber identificá-las no início do cultivo é tão importante, afinal, essa é a melhor forma de garantir um resultado assertivo.

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  • Guia Rápido #12: Helicoverpa armigera, praga que causa perdas mundiais bilionárias de produção.

    Guia Rápido #12: Helicoverpa armigera, praga que causa perdas mundiais bilionárias de produção.

    A Helicoverpa armigera até meados de 2013 era considerada praga quarentenária A1 no Brasil, quando foram feitos os primeiros registros dessa praga nos estados de Goiás, Bahia e Mato Grosso, em culturas de algodão e soja. Esta espécie trouxe muitos prejuízos, principalmente em soja, milho, algodão e feijão. Algumas características que a colocam como praga importante são que o adulto de H. armigera tem grande capacidade de dispersão, conseguindo migrar até 1.000 km; esta espécie apresenta alta capacidade de sobrevivência em ambientes adversos, como excesso de calor, frio ou seca; seu ciclo de ovo a adulto pode ser completado dentro de quatro a cinco semanas, podendo ter várias gerações anuais; e que cada fêmea pode colocar de 2200 a 3000 ovos sobre as plantas hospedeiras, o que caracteriza elevado potencial reprodutivo desta espécie.

    Os adultos desta espécie são mariposas pequenas, onde as fêmeas possuem asas dianteiras amareladas, enquanto as dos machos são cinza-esverdeadas com uma banda ligeiramente mais escura no terço distal e uma pequena mancha escurecida no centro da asa, em formato de rim. Quanto as asas posteriores, são mais claras e apresentam uma borda marrom na sua extremidade apical. As fêmeas apresentam longevidade média de 11,7 dias e os machos de 9,2 dias.

    As fêmeas ovipositam durante o período noturno e colocam seus ovos de forma isolada ou em grupos pequenos, geralmente na face abaxial das folhas ou em talos, flores, frutos e brotações terminais com superfícies pubescentes. Os ovos variam de 0,42 a 0,60 mm de comprimento, possuem aparência brilhante e tem superfície esculpida em forma de nervuras longitudinais, sendo a porção apical lisa. Inicialmente são de coloração branco-amarelada, que vão escurecendo até se tornarem marrom-escuro, próximo da eclosão. O período de incubação dos ovos é em média de 3,3 dias.

    Os primeiros ínstares larvais de H. armigera apresentam coloração branco-amarelada a marrom-avermelhada, com a cabeça de coloração que varia de marrom-escuro a preto. Nessa fase, as lagartas alimentam-se das partes mais tenras das plantas e produzem um tipo de teia, podendo formar um pequeno casulo.

    A medida que crescem, a coloração das lagartas é influenciada pela sua alimentação, podendo ir do amarelo-palha ao verde, apresentando listras de coloração marrom lateralmente no tórax, abdômen e na cabeça.

    Algumas características são determinantes para identificar as lagartas de H. armigera. Uma delas é que a partir do quarto ínstar, as lagartas apresentam tubérculos abdominais escuros e bem visíveis na região dorsal. Outra característica é a textura do seu tegumento, que é levemente coriáceo. Esta característica pode ser responsável pela capacidade de resistência que essa espécie apresenta ao controle por inseticidas químicos, como piretroides, organofosforados e carbamatos, que têm ação de contato. E outra característica é que, quando tocadas, as lagartas apresentam o comportamento de se encurvar, protegendo a cápsula cefálica em direção à região ventral do primeiro par de falsas pernas, como um sistema de defesa.

    No total, o período larval de H. armigera possui seis ínstares. Após isso, a lagarta entra em uma fase de pré-pupa, onde ela cessa a sua alimentação, até pupar. O estágio de pupa dura entre 10 a 14 dias e as pupas se formam normalmente a cerca de 10 cm da superfície do solo, são de coloração marrom, com superfície arredondada nas partes terminais. Dependendo das condições climáticas, como calor ou stress hídrico, as pupas podem entrar em diapausa.

    Danos

    A H. armigera pode se alimentar tanto de órgãos vegetativos, como hastes e folhas, como reprodutivos, como botões florais, frutos, maçãs, espigas e inflorescências, de mais de cem espécies de plantas de importância econômica. A estimativa é de que a perda mundial de produção causada por lagartas de H. armigera anualmente chegue a 5 bilhões de dólares. Nas estruturas reprodutivas ela causa deformações ou podridões, ou até mesmo a queda das mesmas.

    Controle

    Para definir o nível de infestação e a época de controle de H. armigera, é fundamental o monitoramento de ovos, lagartas, pupas e de adultos. Assim, é possível definir as ações do Manejo Integrado de Pragas. Para o monitoramento, podem ser utilizadas armadilhas luminosas (para coleta de fêmeas e machos) ou armadilhas com o seu feromônio sexual como iscas (para coleta de machos). A intensidade de captura de adultos de H. armigera nas armadilhas fornece previsão do potencial de ocorrência de ovos e de lagartas e dos danos que podem ser causados no cultivo.

    É recomendado utilizar cultivares geneticamente modificadas que expressam a toxina Bt.

    Nos primeiros ínstares larvais é o momento considerado mais adequado para o controle químico, pois nesses estágios as lagartas estão mais expostas e mais suscetíveis a pulverização dos produtos químicos. Para essas aplicações, é de importância fundamental rotacionar os produtos com modos de ação diferentes dos ingredientes ativos, de forma a reduzir a pressão de seleção e o possível desenvolvimento de resistência dessa praga aos produtos. Também é recomendado utilizar inseticidas biológicos ou químicos seletivos aos inimigos naturais.

    Os adultos de H. armigera podem ser controlados por meio de iscas tóxicas à base de melaço ou açúcar e inseticida carbamato. Dessa forma, essa mistura pode ser aplicada nas bordaduras do cultivo.

    Como formas de controle cultural que estão sendo utilizadas estão o revolvimento do solo em áreas com alta infestação da praga, para a destruição de pupas de H. armigera pela exposição das pupas ao calor e inimigos naturais, especialmente em sistemas irrigados; e a eliminação de plantas tigueras e de rebrotas, especialmente da soja e de algodão.

    Uma técnica de controle cultural que está sendo usada na Austrália, especialmente em cultivos de algodão, para controle H. armigera é a Push and Pull. Esta estratégia de manejo constitui-se de duas culturas, sendo uma considerada a cultura principal, a qual se deseja proteger contra a praga, e outra a cultura armadilha. Um exemplo é pulverizar azadiractina (óleo de neem) sobre um cultivo de algodoeiro e açúcar ou feromônio de agregação de H. armigera sobre um cultivo de guandu. Dessa forma, os adultos dessa praga evitarão ovipositar no algodoeiro (efeito push) e intensificarão a oviposição nas plantas de guandu (efeito pull). Para finalizar essa técnica de controle, as lagartas de H. armigera devem ser controladas no cultivo de guandu, utilizando um inseticida químico ou biológico (como o baculovírus).

    O controle biológico de H. armigera com táticas de preservação ou de incremento dos inimigos naturais nos cultivos é algo que precisa ser mais estudado nas condições brasileiras, mas já foram relatados casos de inimigos naturais realizando o controle de populações de H. armigera de forma natural. O baculovírus é um inseticida biológico que tem sido eficiente no controle desta praga em vários países da Europa e da Ásia, e também pode ser utilizado no Brasil. Outra possibilidade é o controle biológico aplicado por meio de parasitoides de ovos do gênero Trichogramma.

    Pesquisas com Helicoverpa armigera

    Por ser uma espécie que chegou a pouco tempo no Brasil, é importante que sejam desenvolvidos estudos do comportamento de H. armigera nas nossas condições climáticas, para o desenvolvimento de formas mais eficazes de controle dessa praga.

    Helicoverpa armigera faz parte do portfólio de lepidópteros produzidos pela equipe da Pragas.com! Se você está desenvolvendo algum estudo/experimento que necessite dessa espécie, entre em contato conosco!

    Este artigo teve como referências:

    https://www.agrolink.com.br/problemas/helicoverpa_3056.html

    http://www.coopermota.net/uploads/circulares/informacoes-estrategias-de-manejo-de-helicoverpa-armigera-embrapa-circular-23.pdf

    https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-204X2016000500527&script=sci_arttext&tlng=pt

    https://www.grupocultivar.com.br/artigos/aprenda-a-controlar-a-lagarta-helicoverpa-armigera

    https://www.grupocultivar.com.br/artigos/aprenda-a-controlar-a-lagarta-helicoverpa-armigera

  • Guia Rápido #11: Spodoptera eridania.

    Guia Rápido #11: Spodoptera eridania.

    Foto: Pragas.com

    Nesta série exclusiva “Praga da Semana”, vamos conhecer mais sobre a Spodoptera eridania (Lepidoptera: Noctuidae), conhecida popularmente como lagarta-das-folhas ou lagarta-das-vagens.

    Essa espécie é nativa dos trópicos americanos, sendo encontrada na América Central e do Sul. Tem características como alto potencial reprodutivo, ciclo biológico relativamente curto, polifagia e sobreposição de culturas hospedeiras nas áreas afetadas, o que tem estimulado o aumento das populações e dificultado o seu controle.

    As fêmeas de S. eridania podem ovipositar cerca de 800 ovos durante seu ciclo de vida, dependendo da planta sobre a qual as lagartas se desenvolveram. Os ovos de S. eridania são ovipositados em massas e são recobertos por escamas. Possuem coloração esverdeada, formato de uma esfera aplainada e tem por volta de 0,45 mm de diâmetro e 0,35 mm de altura. O período de incubação dos ovos varia  de 4 a 6 dias.

    Já as lagartas desta espécie possuem coloração escura, com faixas laterais longitudinais cor de creme (ou amarelas) ao longo do corpo. Uma característica que diferencia a lagarta de S. eridania de outras espécies é que uma de suas listras é interrompida por uma mancha escura no tórax, não chegando até a cabeça. Outra característica é que possuem a cabeça mais aparente em relação à S. cosmioides. Em soja, as lagartas passam por seis a sete ínstares, e esse período larval possui duração em torno de 15 a 19 dias, podendo alcançar um comprimento de 35 mm.

    As pupas de S. eridania se formam no solo em uma profundidade de 5-10 cm, possuem coloração marrom e têm por volta de 16 a 18 mm de comprimento e de 5 a 6 mm de largura. O período de pupa tem duração média de 9 a 11 dias. Os adultos de S. eridania são mariposas com 33 a 38 mm de envergadura, apresentam asas de cor cinzenta e marrom, com manchas pretas e marrons escuras de formas irregulares. Alguns indivíduos possuem um ponto de forma pronunciada no centro da asa, mas outros não o possuem ou apresentam uma faixa preta larga que se estende do centro da asa até a margem, o que faz com que o padrão das asas seja bastante variável.

    O ciclo de vida pode variar em função de fatores ambientais, como temperatura, e também qualidade de alimento, possuindo duração média de 28 a 35 dias

    S. eridania, assim como S. cosmioides,possui maior preferência pela cultura da soja, se alimentando principalmente na fase reprodutiva, mas também pode atacar algodão e milho.

    Danos

    Em soja, S. eridania causam danos de desfolha e também danos nas vagens. No final do ciclo dessa cultura em geral as lagartas migram para outras plantas hospedeiras, como a corda-de-viola, o que facilita a ocorrência da praga nos próximos ciclos da cultura.

    Já no algodoeiro, as lagartas atacam desde as folhas, no início do desenvolvimento da cultura, até danificar os botões florais, flores e maçãs do algodão.

    Controle

    Para o planejamento do controle do nível de infestação de S. eridania, o monitoramento é necessário para acompanhar a quantidade e o tamanho das lagartas, o que influencia diretamente na eficácia do controle químico.

    As lagartas de S. eridania, assim como de S. cosmioides, em geral são encontradas na parte mediana e inferior das plantas. Elas são mais ativas nas horas mais frescas do dia e no período noturno, devido a isso é essencial que as amostragens sejam realizadas nos horários mais frescos do dia, de forma a verificar com maior precisão o nível populacional.

    Para o controle químico, é importante considerar que existe uma escassez de produtos registrados para o controle de S. eridania, porém na prática, o controle químico é bastante utilizado pelos agricultores, pois proporciona uma rápida ação curativa quando a população de insetos está igual ou acima do nível de ação. Entretanto, não é o mais recomendado, pois o uso abusivo dos defensivos químicos pode apresentar muitos efeitos indesejáveis. Em geral, os piretroides são os inseticidas mais utilizados, o que pode ter colaborado significativamente para o surto dessa praga que ocorreu em 2013.

    Outro controle utilizado para S. eridania é o tratamento de sementes com tiametoxam ou fipronil, que auxilia no controle inicial das lagartas.

    Outro fator importante a ser considerado no controle de S. eridania é que a disponibilidade de hospedeiros pode favorecer o desenvolvimento dessa espécie. A corda-de-viola é uma planta invasora de larga ocorrência nas regiões do Cerrado que pode abrigar a S. eridania, fazendo com que a praga permaneça na área por um período maior do que as plantas cultivadas, por isso é importante também o controle da corda-de-viola.

    Pode ser realizado o controle biológico de S. eridania por predadores, parasitoides, fungos e vírus entomopatogênicos. Muitas vezes o controle acaba ocorrendo de forma natural no campo, como acontece com o percevejo Podisus nigrispinus e com os fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana, Metharizium anisopliae e Nomuraea sp. A maior ocorrência de fungos está associada à alta umidade relativa do ar. S. eridania também pode ser infectada com o vírus entomopatogênico Baculovirus. Alguns parasitoides que podem ajudar no controle da praga são Trichogramma spp., Telenomus spp., Campoletis sonorensis, Chelonus sp., e Trichospilus diatraeae.

    Devido a isso, é recomendado o uso de medidas conservativas que visem a preservação dos inimigos naturais nas áreas de produção sempre que possível, como o uso de produtos fitossanitários seletivos, como os inseticidas biológicos a base de vírus e bactérias, ou inseticidas com ação de reguladores de crescimento como as diamidas e espinosinas, conhecidos como “fisiológicos”.

    Pesquisas com Spodoptera eridania

    Na Pragas.com buscamos viabilizar as pesquisas agrícolas com S. eridania, para acelerar o desenvolvimento de tecnologias para o controle dessa praga, por isso é uma das espécies do portfólio de lepidópteros da Pragas.com! Para saber mais sobre as soluções da Pragas.com, acesse a nossa loja virtual.

    Este artigo teve como referências:

    http://www2.senar.com.br/Noticias/Detalhe/13081

    https://www.agro.bayer.com.br/alvos/lagarta-do-complexo-spodoptera#tab-2

    https://www.researchgate.net/publication/260331136_Comunicado_Tecnico_Spodoptera_cosmioides_Walker_e_Spodoptera_eridania_Cramer_Lepidoptera_Noctuidae_Novas_Pragas_de_Cultivos_da_Regiao_Nordeste

  • Guia Rápido #10: Danos e controle do Bicudo da cana-de-açúcar.

    Guia Rápido #10: Danos e controle do Bicudo da cana-de-açúcar.

    
    

    O Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto que teve a sua importância como praga da cana-de-açúcar no Brasil conhecida a partir de 1977 e foi descrito como espécie nova em 1978. Em 1989 o bicudo (S. levis) já tinha sido detectado causando a morte de 50-60% dos perfilhos ainda na fase de cana- planta, com cinco a sete meses de crescimento.

    As fêmeas perfuram os tecidos do rizoma com as mandíbulas e realizam as posturas dos ovos ao nível do solo ou abaixo dele. A incubação dos ovos leva de 7 a 12 dias. As larvas de S. levis são esbranquiçadas e escavam galerias no interior e na base da planta ao se alimentarem. A fase de desenvolvimento das larvas leva por volta de 50 dias. No final dessa fase, o inseto pupa no interior de uma câmara com serragem feita por ele.

    Após 7 a 15 dias da pupação, emergem os adultos, que são de coloração marrom escura com manchas pretas.  Estes permanecem no solo, sob torrões e restos vegetais ou entre os perfílhos, nas bases das touceiras. Os machos possuem longevidade média de 203 dias e as fêmeas de 224 dias. Cada fêmea pode ovipositar ao longo desse período cerca de 40 ovos, podendo chegar a até 70 ovos.

    O ciclo de vida desta espécie pode variar de 40 a 60 dias. Os adultos de bicudo da cana (S. levis) tem pouca capacidade de vôo, o que dá indícios de que a dispersão dessa praga a longas distâncias ocorre mais por mudas que foram retiradas de local infestado. Por caminhada, os adultos podem se dispersar aos poucos para talhões vizinhos.

    Ocorrência

    O gênero Sphenophorus tem ocorrência em diversos países e em vários continentes, onde várias espécies desse gênero são pragas de culturas de importância econômica do grupo das gramíneas. Nos EUA ocorrem mais de 64 espécies desse gênero e diversas espécies são encontradas também em países da América do Sul, tendo sido descritas 14 espécies no Brasil, incluindo Sphenophorus levis.

    Atualmente, no Brasil S. levis encontra-se distribuído em mais de 40 municípios, incluindo as regiões Central (Araraquara, São Carlos, Jaú, etc.); Sul (Assis, Ourinhos); Nordeste (Pradópolis) e Leste (Leme, Pirassununga, Araras, São João da Boa Vista, Santa Cruz das Palmeiras, etc.), estando portanto em quase todas as regiões de cultivos de cana-de-açúcar do estado de São Paulo.

    A época mais comum de ocorrência de infestações de Sphenophorus é na época de seca, principalmente entre os meses de abril e outubro nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná. Há registros de ocorrência de picos populacionais para os adultos que sugerem a ocorrência de duas gerações anuais da praga.

    Antes da adoção do sistema de colheita da cana crua, as queimadas nos canaviais costumavam manter as infestações dessa praga sob controle. Com a mudança no sistema de colheita, houve um aumento na densidade populacional de Sphenophorus, pois a palhada passou a lhes servir de abrigo.

    Danos

    As infestações de Sphenophorus costumam ocorrer em reboleiras. Alguns dos sintomas que são observados são a clorose e secamento das folhas.

    As larvas de S. levis causam danos diretos se alimentando do rizoma e da parte basal dos colmos, abrindo galerias, bem como danos indiretos, como a proliferação de plantas daninhas devido as falhas ocasionadas pelos perfilhos danificados.

    Os danos causados por S. levis podem causar redução da produtividade de até 60%, com prejuízos de até 30 toneladas de cana por hectare. Além disso, afetam a longevidade dos canaviais pois podem levar as plantas atacadas a morte e até mesmo a necessidade de reforma de canaviais ainda jovens, que muitas vezes não passam do segundo corte.

    Controle

    Como o S. levis sobrevive na palhada da cana, para evitar os danos e perdas por esta espécie o monitoramento é essencial para acompanhar o nível de infestação e realizar o MIP (manejo integrado de pragas), para identificar o momento e a melhor forma de controle da praga.

    Podem ser adotadas para o controle do bicudo (S. levis) práticas como controle químico, controle biológico e controle cultural, sendo que é considerada uma das mais eficientes o controle cultural, com a eliminação mecânica das touceiras contaminadas e revolvimento do solo para exposição dos insetos ao sol. Inicialmente também é importante verificar a utilização de mudas sadias para a formação do canavial, para evitar a disseminação do Sphenophorus.

    Outras formas de controle são o uso de iscas tóxicas, a manutenção da área destruída livre de vegetação hospedeira por um período superior a 3 meses e o plantio com aplicação do defensivo agrícola fipronil 800 WG (250 g/ha).

    Nos EUA e Japão o nematóide entomopatogênico S. carpocapsae está sendo utilizado para controlar de forma eficiente algumas espécies de Sphenophorus, que são pragas importantes em gramados. Essa informação abre possibilidades para estudos com esse e outros inimigos naturais visando controle biológico aplicado de S. levis. Pesquisadores do Instituto Biológico, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo já estão realizando pesquisas de controle nessa linha.

    Pesquisas com Sphenophorus levis

    Apesar de diversas formas de controle sendo aplicadas, ainda ocorrem focos de infestação e registros de novas áreas infestadas. Esses fatos transparecem que ainda há dificuldade de controle de S. levis, o que demonstra a importância de pesquisas que buscam o desenvolvimento de novas formas de controle dessa praga, em busca de opções mais eficazes e sustentáveis.

    Sphenophorus levis fazem parte do portfólio de coleópteros produzidos pela equipe da Pragas.com. Se você está desenvolvendo algum estudo que necessite da espécie, entre em contato conosco!

    Este artigo teve como referências:

    http://www.biologico.sp.gov.br/noticia/simbiose-letal

    https://www.idgeo.com.br/sphenophorus-levis-o-bicudo-da-cana-de-acucar

    http://www.biologico.sp.gov.br/publicacoes/comunicados-documentos-tecnicos/comunicados-tecnicos/alternativa-de-controle-bicudo-da-cana-de-acucar

    http://www.biologico.sp.gov.br/noticia/cana-de-acucar-pesquisa-inovadora-do-ib-busca-o-controle-biologico-do-bicudo-principal-praga-da-cultura

    https://portalsyngenta.com.br/noticias/bicudo-da-cana-uma-ameaca-a-produtividade-do-seu-canavial

    https://www.agrolink.com.br/problemas/bicudo-da-cana-de-acucar_2994.html

    http://www.biologico.sp.gov.br/noticia/mais-cana-por-hectare

  • Guia Rápido #9: Spodoptera cosmioides: Saiba mais sobre a Lagarta-das-vagens.

    Guia Rápido #9: Spodoptera cosmioides: Saiba mais sobre a Lagarta-das-vagens.

    
    

    Entre as espécies do gênero Spodoptera que ocorrem no Brasil, S. cosmioides se destaca pelo alto nível de polifitofagia, pois se alimenta de grande número de plantas cultivadas e também espontâneas. Algumas culturas de interesse econômico que ela causa danos são amendoim, alfafa, algodão, arroz, aspargo, aveia, batata-inglesa, berinjela, beterraba, cafeeiro, cebola, couve-nabo, ervilha, eucalipto, feijão, gerânio, girassol, fumo, linho, macieira, milho, pimentão, soja, sorgo, tomate, trigo, mamona e caupi. Apesar de S. cosmioides ser uma praga mais importante atualmente em cultivos anuais, tem aumentado sua presença também em culturas perenes, com destaque para as áreas de Eucalipto. Isso ocorre provavelmente pela proximidade das áreas de cultivos anuais com as de eucalipto, além da oferta de alimento durante todo o ano.

    Uma curiosidade é que Spodoptera cosmioides é muito semelhante a Spodoptera latifascia (Walker), mas S. cosmioides é nativa da América do Sul enquanto S. latifascia ocorre principalmente nos Estados Unidos e América Central. A ocorrência de S. cosmioides no Brasil em áreas cultivadas tem sido relatada desde a década de 1980.

    Uma fêmea pode depositar até 500 ovos por dia, em condições favoráveis. A forma de postura dos ovos de S. cosmioides é muito semelhante à de S. frugiperda, em camadas sobrepostas (agrupados em massas), são cobertos com as escamas do corpo da mariposa e postos nas folhas baixas das plantas. Os ovos são alaranjados e eclodem por volta de 4 dias após a postura.

    As fases imaturas (lagartas) desta espécie são de coloração marrom a preta, com pontuações douradas ou brancas e triângulos pretos dorsais distribuídos ao longo de duas linhas longitudinais amarelas ou douradas mais aparentes que passam por todo o dorso e chegam até a cabeça, que é castanho-amarelada ou alaranjada e de dimensões bastante reduzidas. Passam por 6 a 8 ínstares, dependendo da planta hospedeira. No último ínstar, as lagartas tornam-se pardas e apresentam uma faixa mais escura entre o terceiro par de pernas torácicas e o primeiro par de falsas-pernas abdominais, além de outras duas faixas na extremidade do abdome, e medem em torno de 48 mm de comprimento.

    Próximas da fase de pupa, apresentam uma faixa anelar preta após as patas torácicas e outra no final do abdômen. As pupas se formam no solo, inicialmente são verde-claras, mas logo nas primeiras horas se tornam castanho-claros e escurecem gradativamente. As pupas medem entre 20 e 23 mm de comprimento e esta fase tem duração de 14 a 18 dias.

    Os adultos desta espécie são mariposas de hábito noturno, com 33 a 40mm de envergadura. As asas são membranosas e recobertas por escamas. As fêmeas possuem coloração parda com desenhos em mosaico brancos nas asas anteriores e asas posteriores brancas. Os machos apresentam as asas anteriores amareladas com desenhos escuros, caráter que permite a diferenciação sexual da espécie.

    1. cosmioides, assim como S. eridania, possui maior preferência pela cultura da soja, atacando as plantas principalmente na fase reprodutiva. Mas também pode atacar outras culturas, como algodão e milho.

    A duração do ciclo de vida varia conforme fatores bióticos e abióticos, ficando em torno de 40 a 46 dias, ou seja, é relativamente curto. Junto com outras características como alto potencial reprodutivo, a polifagia e a sobreposição de culturas hospedeiras na mesma área, a S cosmioides tem sido favorecida e tem aumentado a importância das suas populações nas áreas agrícolas.

    Comportamento

    Em geral, S. cosmioides são encontradas na parte mediana e inferior das plantas (assim como as lagartas de S. eridania) e são mais ativas nas horas mais frescas do dia e durante o período noturno.

    Danos

    As lagartas de S. cosmioides possuem alto potencial de desfolha (podem consumir quase o dobro de área foliar comparado as demais espécies de lepidópteros de importância econômica para a cultura da soja no Brasil) e destroem também as estruturas reprodutivas.

    Na soja, pode causar grandes danos perfurando as folhas e as vagens. No Brasil, a espécie S. cosmioides é considerada praga-chave em soja desde o início do cultivo em larga escala da soja geneticamente modificada que expressa a proteína Cry. Esta espécie apresenta baixa suscetibilidade à esta proteína Bt, e tem grande importância por causar danos significativos no produto final.

    No algodão, perfuram os botões florais e as maçãs, alimentando-se das sementes. Podem promover a perda total das maçãs atingidas.

    Na cultura do milho é menos frequente, não causando danos significativos como outras pragas que acabam sendo mais importantes nessa cultura. Na safra de 2013, ocorreram relatos da presença de S. cosmioides em cultivos de milho transgênico Bt nas regiões de Carira – SE e Paripiranga – BA, indicando que as proteínas Cry em cultivares Bt não possuem boa efetividade no controle de Spodopteras, o que faz com que outras formas de controle se mantenham importantes para o manejo desta praga.

    Monitoramento

    Assim como para as outras espécies, o monitoramento da presença e nível de infestação é fundamental para auxiliar no controle da praga. O principal método utilizado para monitoramento de lagartas tem sido o pano-de-batida, onde recomenda-se a utilização do pano-de-batida vertical com a amostragem em apenas uma fileira de plantas por vez, repetindo em dois pontos para totalizar 1 m². Também é recomendado fazer uma avaliação visual do nível de desfolha em cada ponto de amostragem, para se ter um parâmetro melhor do nível populacional.

    Pelo comportamento da praga, é importante que a amostragem seja realizada nos horários mais frescos do dia, para definição mais precisa do nível populacional.

    Em relação ao nível de controle, é recomendado entrar com método de controle ao alcançar 30% de desfolha no estádio de desenvolvimento vegetativo e 15% de desfolha no estádio reprodutivo. Considerando o ataque nas vagens, o nível de ação para se utilizar o controle químico é de 10% das vagens atacadas. Considerando a amostragem pelo método da batida de pano para contagem de insetos, o nível de ação é de 20 lagartas grandes (>1,5 cm) por metro.

    Controle

    Se a forma de controle a ser utilizada for o químico, o tamanho das lagartas influencia diretamente na eficácia do controle. Aplicando o inseticida com as lagartas ainda pequenas permite uma maior gama de opções de inseticidas (com maior alternância de produtos químicos, reduz-se o risco de desenvolvimento de resistência), a eficácia de controle é maior e os custos poderão ser menores. A adição de inseticidas organofosforados pode melhorar o controle caso haja predomínio de lagartas grandes, mas o uso deve ser evitado porque pode causar aumento populacional de outras pragas secundárias.

    O controle biológico de lagartas do gênero Spodoptera acontece por vezes de forma natural, sendo realizado principalmente por predadores (Podisus nigrispinus), parasitoides (Trichogramma spp., Telenomus spp., Campoletis sonorensis, Chelonus sp. e Trichospilus diatraeae), fungos (Beauveria bassiana, Metharizium anisopliae e Nomuraea sp) e vírus entomopatogênicos (Baculovirus), que podem ajudar no controle da praga.

    Devido as ocorrências de controle biológico de forma natural, medidas conservativas que visam a preservação dos inimigos naturais nas áreas de produção são recomendadas, como o uso de produtos fitossanitários seletivos. Entre os inseticidas considerados mais seletivos aos inimigos naturais encontram-se os inseticidas do grupo dos reguladores de crescimento popularmente conhecidos como “fisiológicos” (diamidas e espinosinas), além dos inseticidas biológicos (vírus e bactéria). Deve-se evitar a utilização de inseticidas do grupo dos piretroides no controle dessas pragas por serem, geralmente, mais tóxicos (não seletivos) aos seus inimigos naturais.

    Este artigo teve como referências:

    https://www.agro.bayer.com.br/alvos/lagarta-do-complexo-spodoptera#tab-2

    https://www.researchgate.net/publication/260331136_Comunicado_Tecnico_Spodoptera_cosmio[…]tera_Noctuidae_Novas_Pragas_de_Cultivos_da_Regiao_Nordeste

  • Guia Rápido #8: Diabrotica speciosa, a Vaquinha verde amarela.

    Guia Rápido #8: Diabrotica speciosa, a Vaquinha verde amarela.

    
    

    A Vaquinha (Diabrotica speciosa) é um besouro pequeno e muito marcante, de coloração verde e amarela. Também é conhecida por brasileirinho, cascudinho ou patriota, e suas larvas são conhecidas como Larva-alfinete. É uma praga polífaga e subterrânea.

    Este inseto se tornou uma praga importante no milho, causando um histórico de prejuízo expressivo no sul do Brasil e em algumas áreas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, além de alguns países da América do Sul. Alguns dos fatores que contribuíram para isso foram mudanças no sistema de produção dessa cultura (a ocorrência tem sido maior no sistema de plantio direto) e redução na população de inimigos naturais em campo. A D. speciosa também ataca outras culturas como soja, fumo, feijão e muitas hortaliças.

    No campo, geralmente a maioria dos adultos de D. speciosa ficam na parte superior das plantas, independente do período do dia. Para ovipositar, as fêmeas da espécie buscam áreas onde o solo é mais escuro e úmido, e ovipositam no solo ao redor das plantas. Os ovos são amarelos e medem cerca de 0,5mm de comprimento. As larvas passam por três ínstares e variam de 10 a 12mm quando estão bem desenvolvidas, são esbranquiçadas, possuem cabeça de coloração marrom escura, têm uma placa quitinizada escura no último segmento abdominal e são rizófagas.

    Já as pupas possuem tamanho aproximado de 5 mm de comprimento, são de coloração branca e ficam abaixo do nível do solo, protegidas em uma câmara pupal. Quando se tornam adultos, são fáceis de serem identificados. Eles possuem de 4,5 a 6mm de comprimento, sendo os machos menores do que as fêmeas, apresentam coloração verde e seis círculos amarelos nas asas. O ciclo de vida desta espécie leva de 24 a 40 dias.

    Sintomas e danos para as plantas

    Em milho, o dano principal se torna mais visível entre quatro e seis semanas após a emergência das plântulas. A larva-alfinete se alimenta das raízes das plantas e pode ocasionar morte de plântulas, acamamento das plantas com ventos fortes e alta precipitação pluviométrica, pois reduz a sustentação das plantas e se ataca as raízes adventícias pode deixar as plantas recurvadas (conhecido como “pescoço de ganso”), além de interferir na absorção de nutrientes e água pela planta. Os adultos também causam danos ao se alimentarem das folhas e dos estilo-estigmas nas espigas do milho.

    Em outras culturas, também se torna importante a redução da área foliar das plantas pela alimentação dos adultos, que também pode ser uma via de transmissão de inúmeras viroses para as plantas. Além disso, a transmissão de viroses de um inseto para outro pode ocorrer devido ao contato destes com material regurgitado, defecado ou por meio de hemolinfa contaminada.

    Prevenção e manejo

    Excesso e baixa umidade do solo são desfavoráveis para a larva. O uso de inseticidas químicos (à base de Clorpirifós ou Fipronil) aplicados via tratamento de sementes, granulados ou pulverização no sulco de plantio ainda são os métodos de controle mais utilizados no Brasil, em áreas com histórico da praga.

    Entretanto, vem aumentando o uso do manejo integrado dessa praga, com a associação de outras estratégias de manejo ao controle químico, como o uso de agentes de controle biológico. Para isso, podem ser utilizados os inimigos naturais Celatoria bosqi (taquinídeo) e Centistes gasseni (braconídeo), além dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae.

    Pesquisas com D. speciosa

    Na Pragas.com fornecemos espécimes de D. speciosa para estudos relacionados ao controle deste inseto-praga. A nossa criação em laboratório é desenvolvida para termos insetos com ótima sanidade, qualidade e com padronização de temperatura, alimento e ambiente, o que favorece o resultado das experimentações agrícolas.

    Além disso, fornecemos uma série de insumos como bandejas, gaiolas e dieta artificial própria para esta espécie para viabilizar as pesquisas agrícolas, reduzir os custos com infraestrutura e mão de obra, para acelerar o desenvolvimento de tecnologias para o controle da D. speciosa.

    Este artigo teve como referências:

    https://www.agro.bayer.com.br/alvos/larva-alfinete-no-milho

    https://www.agrolink.com.br/problemas/vaquinha-verde-amarela_254.html

    GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. FEALQ, 2002.

    http://www.pioneersementes.com.br/blog/17/manejo-de-pragas-iniciais-no-milho-safrinha

    https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos/fichas-agroecologicas/arquivos-sanidade-vegetal/16-controle-de-vaquinha-diabrotica-speciosa.pdf/view

    https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-16572014000300238

    https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782002000500001

    https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/999017/1/documento375webIncluido.pdf

    https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/185006/1/cot090.pdf

    https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/manejo-de-diabrotica-speciosa-na-cultura-do-milho.pdf/a0ec3a33-2864-47b3-ac6e-b2fc63d4fa02

  • Controle Biológico de Pragas da Agricultura – A nova publicação da Embrapa.

    Controle Biológico de Pragas da Agricultura – A nova publicação da Embrapa.

    Em comemoração ao seu 46º aniversário, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia lançou uma das mais completas publicações a respeito dos métodos e resultados de pesquisas sobre controle biológico de pragas agrícolas, um dos temas mais discutidos na agricultura mundial.

    Autores da Embrapa, de instituições de ensinos e de instituições parceiras foram os responsáveis por essa publicação que traz informações riquíssimas sobre o Controle Biológico de Pragas da Agricultura. O livro conta com 16 capítulos, dentre eles subtítulos que mostram os resultados já alcançados nesse tema.

    Os diferentes agentes biológicos (parasitoides, predadores, bactérias, fungos, vírus e nematoides) utilizados no controle de pragas são descritos na publicação de uma forma bem didática, mostrando o comportamento, características ecológicas, interações com o hospedeiro/ ambiente, métodos de controle e mecanismos de ação desses agentes, sendo informações de grande importância na utilização em programas de controle biológico de pragas e fatores muito relevantes para um controle eficaz

    Além do controle biológico de pragas, a publicação traz também informações sobre controle biológico de doenças de plantas, nematoides fitoparasitas, plantas invasoras.

    Outro assunto que a obra traz é a utilização de semioquímicos, considerado um dos centros de maior destaque no campo do controle biológico, sendo essa prática sustentável na agricultura e aprovada para uso na agricultura orgânica.

    A perspectiva é de que os bioinsumos tenham crescimento anual de 15% a 20% nos próximos anos, vindos principalmente do Brasil e América Latina, por isso estudos e publicações que tragam informações relevantes sobre o controle biológico tanto de pragas, quanto de doenças e de plantas invasoras são essenciais para que esse crescimento se mostre cada vez maior e que os produtores tragam esses métodos de controle cada vez mais para dentro de suas propriedades.

    A Pragas.com mantém criações de organismos alvo de modo a fornecer os insumos necessários para as pesquisas básicas e aplicadas que contribuem para o crescimento de Bioinsumos no Brasil.

    Clique aqui para ter acesso ao conteúdo Controle Biológico de Pragas da Agricultura.

  • Guia Rápido #7: Mosca-branca (Bemisia tabaci) – Um dos insetos-praga mais importantes na agricultura mundial.

    Guia Rápido #7: Mosca-branca (Bemisia tabaci) – Um dos insetos-praga mais importantes na agricultura mundial.

    Foto: PakAgriFarming
    
    

    Você conhece a Mosca-branca (Bemisia tabaci)?

    Apesar do seu nome popular ser Mosca-branca, trata-se de um hemíptero, cujo nome científico é Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae).

    O primeiro registro da ocorrência de B. tabaci aconteceu em 1889, na Grécia, em plantas de fumo. No Brasil, a espécie chegou na década de 1920 e se espalhou rapidamente, sendo que hoje encontra-se em todos os Estados.

    A B. tabaci é um inseto pequeno, de aproximadamente 2 mm de comprimento, sendo as fêmeas um pouco maiores do que os machos. Os ovos são de coloração amarela, apresentam formato de pera e medem de 0,2 a 0,3 mm. São depositados de maneira irregular, na parte inferior das folhas. Na fase jovem, passa por 4 ínstares , sendo que o último é chamada erroneamente de pupa, até a emergência dos adultos.

    Os adultos são de coloração amarelo-pálida, possuem dois pares de asas membranosas recobertas por uma substância pulverulenta de cor branca. São insetos ativos e ágeis, que quando perturbados voam rapidamente. Quando em repouso, tem a característica de manterem as asas um pouco separadas, paralelas, deixando o abdômen visível.

    A B. tabaci possui hábito de se alimentar na página inferior da folha, é altamente polífaga (podendo afetar mais de 40 hospedeiros, algumas literaturas citam até 500) e tem facilidade de se adaptar a novas plantas hospedeiras. Em um ano, pode ter quatro gerações e uma grande capacidade de dispersão, devido a média de 200 ovos por fêmea e também pela ação dispersante do vento. Porém, por se desenvolver melhor em climas quentes e secos, nessas condições o ciclo de vida desta praga é encurtado, possibilitando a ocorrência de até duas gerações em um único mês.

    Devido a sua capacidade de se adaptar a novas regiões geográficas com facilidade, no Brasil a presença da B. tabaci tem sido entendida como um problema sistêmico que deve ser cuidado de forma conjunta pelos produtores e instituições, para o uso sustentável dos produtos fitossanitários.

    Biótipos

    Existem mais de 40 biótipos de B. tabaci distribuídos mundialmente, sendo que no Brasil há dois principais, o biótipo B (também o mais disperso no mundo) e o biótipo Q, estes considerados os mais nocivos. Cada biótipo apresenta um comportamento característico e para diferenciá-los é necessária a utilização de métodos moleculares, já que elas são visualmente idênticas.

    Dos dois biótipos principais que ocorrem no Brasil, o biótipo B é o mais comum no país. O primeiro registro de sua ocorrência em território nacional aconteceu na década de 90, no Estado de São Paulo. A B. tabaci biótipo B é uma praga importante em culturas anuais, hortaliças e plantas ornamentais. A espécie apresenta alta fecundidade e capacidade de dispersão a longas distâncias.

    Já a B. tabaci biótipo Q é originária da região do Mar Mediterrâneo e teve seu primeiro registro de ocorrência no Brasil em 2013, no Rio Grande do Sul. Pode alcançar altas densidades populacionais e possui alta capacidade de desenvolver resistência à maioria dos inseticidas, que normalmente costumam ser eficientes para controle de B. tabaci. Atualmente também possui presença confirmada em Portugal, Estados Unidos, Guatemala, Reino Unido, Síria, Nova Zelândia, China, Egito, França, Israel, Japão, Marrocos, Holanda e Espanha.

    Danos

    Em infestações dessa praga, há redução na produtividade da planta e na qualidade dos frutos, causados por danos diretos e indiretos.

    Como danos diretos, temos a sucção da seiva de frutos que ocasiona o amadurecimento irregular dos mesmos, redução do vigor da planta, do desenvolvimento vegetativo e da produção das plantas, além de descoloração devido à toxina liberada pelo adulto (ação toxicogênica).

    Como danos indiretos, podemos citar a excreção de substâncias açucaradas (honeydew) que recobrem as folhas e favorecem o desenvolvimento da fumagina, que consequentemente reduz a atividade fotossintética da planta. Além disso, B. tabaci é transmissora de viroses que causam graves danos à cultivos agrícolas, como: Tomato golden mosaic virus (TGMV), Tomato severe rugose virus (ToSRV), Tomato yellow vein streak virus (ToYVSV), entre outros.

    O biótipo Q é vetor do Tomato yellow leaf curl virus (TYLCV) e Tomato torrado virus (ToTV), espécies de vírus exóticas para o Brasil.

    Em soja, os principais danos causados por B. tabaci ocorrem devido a transmissão de geminivírus, caracterizados pelos sintomas de nanismo severo, enrolamento das folhas, intensa clorose e diminuição da produção de grãos

    Para o feijoeiro, é transmissor do vírus do mosaico dourado (BGMV) e do mosaico anão. São mais prejudiciais no período do florescimento.

    Controle

    A melhor ferramenta de prevenção é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), onde se monitora a lavoura cuidando para manter um nível de infestação baixo, e somente é aplicado um inseticida se a infestação atingir o nível de controle.

    O nível de controle de mosca branca em soja tem sido tema de estudos, mas no momento é considerado 5 ninfas/folíolo e a constatação da presença de adultos e ninfas nas folhas. Já em algodão, o momento de controle se dá com a presença de três ou mais adultos por folha ou uma ou mais ninfas por cm². As plantas selecionadas para amostragem devem ser avaliadas no terço superior.

    Devido ao fato de geralmente seu manejo ser feito através do uso de inseticidas, já foram detectadas no país populações resistentes à ingredientes ativos, o que dificulta seu controle.

    Em vista disso, recomenda-se a adoção de estratégias de manejo da resistência a inseticidas. Uma das estratégias é instituir um programa de monitoramento da resistência, para a detecção de mudanças na suscetibilidade de populações de pragas aos ingredientes ativos utilizados para controle, lembrando que o manejo da resistência é baseado na rotação dos produtos de acordo com o modo de ação, seguindo as recomendações de aplicação de cada produto. Outras estratégias são: adoção de janelas de pulverização, rotação de culturas hospedeiras e não hospedeiras, vazio sanitário e plantio de refúgio estruturado.

    Algumas plantas daninhas que podem hospedar a praga e devem também ter atenção especial de controle são a serralha (Sonchus oleraceus), caruru (Amaranthus viridis L.), joá-bravo (Solanum viarum), corda-de-viola (Ipomoea acuminata), picão-preto (Bidens pilosa), joá-de-capote (Nicandra physaloides) e leiteiro (Euphorbia heterophylla), dentre outras.

    Outras formas de controle utilizadas são o tratamento de sementes com inseticidas carbamatos sistêmicos ou sistêmico granulado no sulco de plantio. O uso de armadilhas adesivas de coloração amarela também ajuda a reduzir a população de adultos na área.

    O Controle Biológico com o fungo Beauveria bassiana também tem sido utilizado e vem assumindo um papel cada vez mais importante no manejo desta praga, devido as populações resistentes. Os esporos desse fungo, quando em contato com o inseto, penetram na sua cutícula e colonizam os seus órgãos internos, fazendo o inseto parar de se alimentar e morrer, aproximadamente 5 dias após a aplicação.

    Outros entomopatógenos que podem infectar de forma natural no campo a B. tabaci são: Verticillium lecaniiAschersonia aleyrodisPaecilomyces fumosoroseus. No grupo de predadores, foram relatadas dezesseis espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Já entre os parasitoides, os gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus são os mais encontrados.

    É importante a adoção de medidas de controle de B. tabaci que favoreçam o aumento dos inimigos naturais, como as práticas culturais, cultivares resistentes e uso racional de inseticidas.

    Pesquisas com Bemisia tabaci

    A B. tabaci é uma das espécies do portifólio de hemípteros da Pragas.Com, junto com outros insumos como armadilhas, gaiolas e bandejas para experimentos. Nosso objetivo é
    fornecer insumos para viabilizar e acelerar a descoberta de novas soluções para o controle adequado deste inseto no campo.

    Para saber mais sobre as soluções da Pragas.Com, acesse a nossa loja virtual

    Este artigo teve como referências:

    https://www.agrolink.com.br/problemas/mosca-branca_249.html

    https://www.irac-br.org/bemisia-tabaci

    https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-16572013000200003

    https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542009000500009

    https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Tomate/TomateIndustrial_2ed/pragas_mosca.htm

  • Guia Rápido #6: Spodoptera frugiperda, a mais importante Spodoptera em milho.

    Guia Rápido #6: Spodoptera frugiperda, a mais importante Spodoptera em milho.

    Foto: James Castner

     

    Este inseto-praga teve a sua representatividade na agricultura aumentada principalmente devido a dois fatores: a espécie passou a ter maior resistência aos inseticidas e, com a intensificação da cultura do milho (mais de um ciclo de cultivo anual), os cultivos sucessivos ocasionaram a sobrevivência e o fluxo das populações das mariposas de S. frugiperda entre as culturas hospedeiras, independente da fase de desenvolvimento das plantas e época de cultivo.

    O ciclo de vida de S. frugiperda é relativamente curto, levando em torno de 25 a 30 dias para se completar. O período larval varia de 15 a 25 dias, com 4 a 7 ínstares. Esse período varia dependendo da temperatura, planta hospedeira, sexo e biótipo.

    As fêmeas realizam postura em massa na página superior das folhas, com aproximadamente 200 a 300 ovos. O período de incubação dos ovos é de aproximadamente 3 dias, sendo que estes são de coloração verde-clara e passam para alaranjado após algumas horas da oviposição. A longevidade dos adultos é de aproximadamente 12 dias, no qual as fêmeas ovipositam mais de 1000 ovos, o que faz com que a espécie apresente elevado potencial reprodutivo.

    A identificação visual desta espécie na fase imatura (e que causa danos) é realizada pela coloração das lagartas, sendo que no primeiro ínstar são de coloração clara e passam para pardo-escuro ou quase pretas, com presença de listras claras no dorso e pontuações escuras em todo o corpo, incluindo 4 pontos pretos no abdome, dispostos em quadrado. Além disso, apresentam uma característica marcante de um “Y” invertido na parte frontal da cabeça, e apresentam hábito noturno.

    As pupas são de coloração marrom-avermelhada e ficam abrigadas no solo por aproximadamente 10 dias.

    Os adultos de S. frugiperda são mariposas com alta mobilidade, com as asas anteriores de coloração cinza escuro e posteriores branco acinzentadas. São pequenas, medindo em torno de 4 cm de envergadura.

    Uma dica para identificação dessa praga na área é a presença de excrementos que são deixados nas folhas pela lagarta.

    Foto: Experimento de Doutorado de Jackellyne Bruna Sousa

    Danos

    Os danos da Spodoptera frugiperda no milho quando em alta infestação são muito significativos, podendo atingir perdas de 40 até 60% na produção. O período de maior ocorrência da espécie é entre outubro e janeiro, mas também podem ocorrer altas infestações na segunda safra de milho, caso haja condições ideais para o desenvolvimento da praga, sendo estas: baixa precipitação, altas temperaturas durante o dia e temperaturas amenas durante a noite.

    Quando presente na época de emergência das plântulas de milho, pode causar danos cortando as plântulas e reduzindo o estande (hábito semelhante ao da Agrotis ipsilon). Também pode perfurar a base da planta atingindo o ponto de crescimento e provocando o sintoma de “coração morto” (similar ao dano da Elasmopalpus lignosellus). Já durante a fase vegetativa, os danos diretos de S. frugiperda são os furos que elas fazem no cartucho, que podem causar destruição total do cartucho, e a raspagem das folhas, para alimentação. Normalmente encontra-se apenas uma lagarta por cartucho, pois essa espécie apresenta canibalismo na fase larval.

    Na fase reprodutiva, deve ser tomado um cuidado adicional durante o início do florescimento, pois neste período as lagartas migram das folhas e entram nas espigas, podendo se alimentar das mesmas, cortar os estilo-estigmas (não permitindo a fecundação) e dessa forma reduzir o potencial de produção dos grãos ou provocar perda quase total. A partir de R3 as lagartas não conseguem mais penetrar na palha da espiga e o dano fica restrito apenas na ponta da espiga.

    Um dano secundário, mas também representativo, é a entrada de microrganismos pelas injúrias causadas pela lagarta, que reduzem a qualidade dos grãos.

    Em soja, S. frugiperda é a espécie mais presente no início do desenvolvimento da cultura, mas pode ocorrer em qualquer fase da cultura. Nessa cultura as lagartas alimentam-se inicialmente das folhas e depois passam a consumir também vagens em início de formação.

    No algodoeiro, a Spodoptera frugiperda pode alimentar-se de folhas, de botões florais e, principalmente, de maçãs em formação. Como as lagartas ficam no interior do dossel e das maçãs, o contato com os inseticidas via pulverização fica reduzido, dificultando o controle nessa cultura.

    Controle

    A melhor forma de controle de pragas é o MIP (manejo integrado de pragas), onde o mais importante é manter as populações de pragas em um limite compatível com a produção econômica da cultura, para também favorecer a manutenção da qualidade ambiental.

    Porém, o controle de S. frugiperda por vezes tem sido realizado logo que detectada a sua presença no campo e em geral com aplicação de produtos químicos, pela falta de conhecimentos básicos para o manejo, como dinâmica populacional, planos de amostragens e nível de controle. Isso fez com que nos últimos anos tenham se tornados mais frequentes os relatos de indivíduos resistentes no campo e, devido a isso, com frequência os inseticidas têm apresentado falhas de controle.

    Algumas das possíveis causas para o aumento de indivíduos resistentes são a má regulagem dos equipamentos, a escolha incorreta de produtos químicos e a condução nem sempre adequada da cultura, o que têm aumentado o número médio de aplicações de inseticidas, sem um adequado controle da praga. Tem sido documentados resistência em populações de S. frugiperda até >40% para inseticidas dos principais grupos químicos: carbamatos, organofosforados, piretroides, spinosinas e inibidores de síntese de quitina. Outra possível causa da resistência a inseticidas e também a plantas Bt ocorre em consequência de pulverizações de inseticidas com mesmo mecanismo de ação. Dessa maneira, conhecer o ciclo da praga, realizar o MIP (manejo integrado de pragas) e implementar estratégias de manejo da resistência são as formas mais eficientes para um controle adequado de S. frugiperda.

    Algumas estratégias de manejo da resistência para garantir a durabilidade das táticas de controle são: manter períodos no campo sem plantas hospedeiras da praga; alternar o uso de inseticidas com diferentes mecanismos de ação; usar as doses recomendadas para cada inseticida e priorizar o uso de inseticidas seletivos visando a preservação de inimigos naturais; Implementar áreas de refúgio recomendadas para a preservação da suscetibilidade da praga as proteínas de Bt (favorecendo a durabilidade dessas tecnologias para o MIP); dar preferência para os cultivos Bt que expressam mais de uma proteína inseticida para o controle de pragas; estabelecer essas estratégias de manejo em âmbito regional, devido a praga possuir alta mobilidade; planejar rotação de culturas para garantir um período do ano sem plantas hospedeiras de S. frugiperda.

    Os dois períodos críticos para o manejo de controle da lagarta-do-cartucho no milho são:

    – No estádio vegetativo: da emergência das plântulas até 30 dias após a semeadura (VE até V6), onde podem ocorrer danos significativos nas folhas e no colmo do milho;

    – No estádio reprodutivo: de uma semana antes até duas semanas após o florescimento (V15 até R2), onde podem ocorrer grandes perdas por danos nas espigas, totalizando cerca de 20 dias.

    Para este inseto, o nível de controle recomendado é de 20% de incidência de plantas raspadas.

    Entre os agentes de controle biológico para esta praga, tem sido alvo de pesquisas o vírus de poliedrose nuclear de S. frugiperda (VPNSf), que tem apresentado um bom potencial de controle.

    Os principais agentes reguladores da população de S. frugiperda encontrados naturalmente no campo são tesourinha (Doru luteipes), que predam predando ovos e lagartas de primeiro ínstar; e alguns coleópteros e hemípteros que predam lagartas. Alguns parasitóides que participam do controle natural da lagarta-do-cartucho são Trichogramma pretiosum, T. atopovirilia e Telenomus remus, que parasitam ovos; e Campoletis flavicincta, que parasita lagartas.

     

    Pesquisas com Spodoptera frugiperda

    As pesquisas para desenvolvimento de novos produtos biológicos ou químicos com maior especificidade são importantes para o controlar altas infestações de S. frugiperda nas culturas e para tornar a agricultura mais sustentável. A Pragas.com apoia essas pesquisas e para ajudar a viabilizá-las, mantém em seu portifólio a espécie S. frugiperda e demais insumos, como dieta artificial própria para esta espécie, gaiolas e bandejas para criações e/ou condução de experimentos.

    Quer saber mais? Entre em contato com a gente e solicite um atendimento!

     

     

    Este artigo teve como referências: 

    http://www2.senar.com.br/Noticias/Detalhe/13081/

    https://www.agro.bayer.com.br/alvos/lagarta-do-complexo-spodoptera#tab-2

    https://www.irac-br.org/spodoptera-frugiperda

    https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X1999001100001&lng=pt&tlng=pt

    revistas.ufg.br/pat/article/view/59517

    http://www.agricenterseberi.com.br/noticia/1085/lagartadocartucho

    https://www.scielo.br/pdf/ne/v39n6/v39n6a23.pdf

    https://maissoja.com.br/prioridades-lagarta-do-cartucho-spodoptera-frugiperda-em-milho

     

  • Guia Rápido #5: Conheça a Lagarta Elasmo (Elasmopalpus lignosellus), praga subterrânea que ataca o colo das plantas.

    Guia Rápido #5: Conheça a Lagarta Elasmo (Elasmopalpus lignosellus), praga subterrânea que ataca o colo das plantas.

    Foto: Victória Previatti

    Sua distribuição geográfica é bem restrita, estando limitada às regiões temperadas e tropicais do Hemisfério Ocidental.

    A ocorrência dessa praga é favorecida em solos arenosos e períodos secos durante o estabelecimento da cultura, especialmente quando ocorre veranicos. O teor de umidade no solo influencia diretamente na intensidade de seu ataque, sendo que em sistema de plantio direto sua infestação é muito reduzida quando comparada ao plantio convencional. Áreas com irrigação também reduzem a incidência.

    Seus ovos são ovais, com coloração branco-esverdeado, passando para vermelho escuro próximo a eclosão das lagartas. A maioria dos ovos são depositados no solo e eclodem cerca de 3 dias após a oviposição.

    As lagartas são muito ativas e, quando tocadas, movimentam-se incessantemente por alguns segundos, sendo essa uma característica de defesa. Passam por seis instares, sendo esse período muito influenciado pela temperatura. Logo após a eclosão, apresentam coloração amarelo-palha com listras vermelhas. Posteriormente tornam-se esverdeadas com anéis e listras vermelho escuras. No sexto instar, sua coloração varia de verde-claro ao turquesa, apresentando listras longitudinais com faixas marrons ou arroxeadas, com cápsula cefálica variando do marrom ao preto (DIXON 1982; BESSIN, 2004).

    A pupa apresenta coloração marrom e próximo a eclosão dos adultos ficam pretas. Essa fase ocorre no solo, dentro de uma câmara construída pela lagarta, feita com teia, partículas de solo e restos culturais. Permanecem nessa fase durante oito a dez dias.

    Os adultos são mariposas que medem cerca de 17mm a 22mm e são bastante ativos durante a noite. Quanto a coloração, apresentam diferenças entre macho e fêmea: as asas anteriores dos machos são amareladas enquanto as fêmeas apresentam asas anteriores escuras e posteriores com coloração cinzenta.  Também apresentam dimorfismo sexual quanto aos palpos labiais, que são eretos e mais longos nos machos do que nas fêmeas.

    Baixa velocidade do vento, baixa umidade relativa do ar, temperatura em torno de 27ºC e completa escuridão são condições ideais para o acasalamento e oviposição do inseto, ocorrendo, respectivamente, no final da noite e no início.

    As fêmeas irão iniciar a oviposição dois dias após a emergência, sendo que o pico de postura acontece durante o quarto e quinto dia.

    Danos

    Considerada uma praga subterrânea, inicialmente raspam as folhas, descendo em seguida para um pouco abaixo do nível do solo onde ataca o tecido vegetal próximo ao colo da planta, por isso é conhecida como Broca-do-colo. Como seu movimento ocorre no solo, uma lagarta pode atacar de 3 a 5 plantas por ciclo.

    A lagarta penetra no colmo, onde abre galerias no interior da planta. Os danos causados podem destruir a região de crescimento da planta ou afetar a condução de água e nutrientes com a destruição total ou parcial de tecidos meristemáticos. A severidade do dano depende muito do estádio de desenvolvimento da cultura.

    Na soja, o ataque em estádios iniciais causa a murcha e posteriormente morte da planta, levando a redução do estande, e em desenvolvimento mais avançado, deixa a planta vulnerável a chuvas, ventos ou implementos agrícolas, que podem levar ao tombamento.

    Em milho, cana-de-açúcar, trigo e arroz causa o dano conhecido como coração morto, onde ocorre o murchamento e seca das folhas, levando a morte da planta.

    O ataque da praga normalmente é percebido pelas falhas na lavoura.

    Controle

    Um fator abiótico que pode ser utilizado para o controle é a alta umidade no solo, que age negativamente em qualquer estágio de desenvolvimento da praga. Sistemas que preservam a umidade no solo, como o plantio direto, ajudam a reduzir a incidência dessa praga na lavoura. A utilização de irrigação, quando viável, também pode ser uma solução.

    O controle mais utilizado para combater a Elasmopalpus lignosellus é o químico, sendo o tratamento de sementes o mais empregado devido a sua praticidade, custo e eficiência. A aplicação de inseticidas utilizando jato dirigido para o colo da planta pode ser atribuída, desde que seja identificado o ataque da praga no início.

    Vários são os inimigos naturais da Elasmopalpus lignosellus, tais como: parasitoides, vírus e fungos, porém o impacto causado para o controle da praga é considerado baixo e poucas informações a respeito de controle biológico são encontradas.

    Cultivares resistentes podem ser utilizadas para o controle da Elasmopalpus lignosellus, sendo que em soja, a tecnologia Bt pode ser empregada junto com outras formas de manejo, visto que o controle da praga por essa cultivar é supressivo.

    Como já mencionado, a Elasmopalpus lignosellus é uma praga muito influenciada pelo clima, se favorecendo em anos com períodos de longas estiagens, então a não ocorrência em uma safra não anula a possibilidade de uma infestação na safra seguinte. Portanto, o seu monitoramento não deve ser negligenciado pelos produtores, evitando assim um ataque severo da praga nas lavouras.

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    Este artigos teve como referências:

    https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-22022013-164306/publico/Rizia_da_Silva_Andrade_versao_revisada.pdf

    https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/56174/1/doc-129.pdf

    http://panorama.cnpms.embrapa.br/insetos-praga/identificacao/pragas-de-superficie/lagarta-elasmo-elasmopalpus-lignosellus-zeller-1848-lepidoptera-pyralidae-1

    https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/991586/1/Comunicado303.pdf

    https://www.agro.bayer.com.br/alvos/lagarta-elasmo#tab-3

    https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/manejo-de-elasmo-na-cultura-do-milho.pdf/9ca5be8d-688e-4520-9ec7-4fd385c51e3e

    https://core.ac.uk/download/pdf/15429326.pdf

    https://www.agrolink.com.br/noticias/umidade-favorece-surgimento-da-lagarta-elasmo-no-milho_59736.html