Foto: Pragas.com
Nesta série exclusiva “Praga da Semana”, vamos conhecer mais sobre a Spodoptera eridania (Lepidoptera: Noctuidae), conhecida popularmente como lagarta-das-folhas ou lagarta-das-vagens.
Essa espécie é nativa dos trópicos americanos, sendo encontrada na América Central e do Sul. Tem características como alto potencial reprodutivo, ciclo biológico relativamente curto, polifagia e sobreposição de culturas hospedeiras nas áreas afetadas, o que tem estimulado o aumento das populações e dificultado o seu controle.
As fêmeas de S. eridania podem ovipositar cerca de 800 ovos durante seu ciclo de vida, dependendo da planta sobre a qual as lagartas se desenvolveram. Os ovos de S. eridania são ovipositados em massas e são recobertos por escamas. Possuem coloração esverdeada, formato de uma esfera aplainada e tem por volta de 0,45 mm de diâmetro e 0,35 mm de altura. O período de incubação dos ovos varia de 4 a 6 dias.
Já as lagartas desta espécie possuem coloração escura, com faixas laterais longitudinais cor de creme (ou amarelas) ao longo do corpo. Uma característica que diferencia a lagarta de S. eridania de outras espécies é que uma de suas listras é interrompida por uma mancha escura no tórax, não chegando até a cabeça. Outra característica é que possuem a cabeça mais aparente em relação à S. cosmioides. Em soja, as lagartas passam por seis a sete ínstares, e esse período larval possui duração em torno de 15 a 19 dias, podendo alcançar um comprimento de 35 mm.
As pupas de S. eridania se formam no solo em uma profundidade de 5-10 cm, possuem coloração marrom e têm por volta de 16 a 18 mm de comprimento e de 5 a 6 mm de largura. O período de pupa tem duração média de 9 a 11 dias. Os adultos de S. eridania são mariposas com 33 a 38 mm de envergadura, apresentam asas de cor cinzenta e marrom, com manchas pretas e marrons escuras de formas irregulares. Alguns indivíduos possuem um ponto de forma pronunciada no centro da asa, mas outros não o possuem ou apresentam uma faixa preta larga que se estende do centro da asa até a margem, o que faz com que o padrão das asas seja bastante variável.
O ciclo de vida pode variar em função de fatores ambientais, como temperatura, e também qualidade de alimento, possuindo duração média de 28 a 35 dias
S. eridania, assim como S. cosmioides,possui maior preferência pela cultura da soja, se alimentando principalmente na fase reprodutiva, mas também pode atacar algodão e milho.
Danos
Em soja, S. eridania causam danos de desfolha e também danos nas vagens. No final do ciclo dessa cultura em geral as lagartas migram para outras plantas hospedeiras, como a corda-de-viola, o que facilita a ocorrência da praga nos próximos ciclos da cultura.
Já no algodoeiro, as lagartas atacam desde as folhas, no início do desenvolvimento da cultura, até danificar os botões florais, flores e maçãs do algodão.
Controle
Para o planejamento do controle do nível de infestação de S. eridania, o monitoramento é necessário para acompanhar a quantidade e o tamanho das lagartas, o que influencia diretamente na eficácia do controle químico.
As lagartas de S. eridania, assim como de S. cosmioides, em geral são encontradas na parte mediana e inferior das plantas. Elas são mais ativas nas horas mais frescas do dia e no período noturno, devido a isso é essencial que as amostragens sejam realizadas nos horários mais frescos do dia, de forma a verificar com maior precisão o nível populacional.
Para o controle químico, é importante considerar que existe uma escassez de produtos registrados para o controle de S. eridania, porém na prática, o controle químico é bastante utilizado pelos agricultores, pois proporciona uma rápida ação curativa quando a população de insetos está igual ou acima do nível de ação. Entretanto, não é o mais recomendado, pois o uso abusivo dos defensivos químicos pode apresentar muitos efeitos indesejáveis. Em geral, os piretroides são os inseticidas mais utilizados, o que pode ter colaborado significativamente para o surto dessa praga que ocorreu em 2013.
Outro controle utilizado para S. eridania é o tratamento de sementes com tiametoxam ou fipronil, que auxilia no controle inicial das lagartas.
Outro fator importante a ser considerado no controle de S. eridania é que a disponibilidade de hospedeiros pode favorecer o desenvolvimento dessa espécie. A corda-de-viola é uma planta invasora de larga ocorrência nas regiões do Cerrado que pode abrigar a S. eridania, fazendo com que a praga permaneça na área por um período maior do que as plantas cultivadas, por isso é importante também o controle da corda-de-viola.
Pode ser realizado o controle biológico de S. eridania por predadores, parasitoides, fungos e vírus entomopatogênicos. Muitas vezes o controle acaba ocorrendo de forma natural no campo, como acontece com o percevejo Podisus nigrispinus e com os fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana, Metharizium anisopliae e Nomuraea sp. A maior ocorrência de fungos está associada à alta umidade relativa do ar. S. eridania também pode ser infectada com o vírus entomopatogênico Baculovirus. Alguns parasitoides que podem ajudar no controle da praga são Trichogramma spp., Telenomus spp., Campoletis sonorensis, Chelonus sp., e Trichospilus diatraeae.
Devido a isso, é recomendado o uso de medidas conservativas que visem a preservação dos inimigos naturais nas áreas de produção sempre que possível, como o uso de produtos fitossanitários seletivos, como os inseticidas biológicos a base de vírus e bactérias, ou inseticidas com ação de reguladores de crescimento como as diamidas e espinosinas, conhecidos como “fisiológicos”.
Pesquisas com Spodoptera eridania
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Este artigo teve como referências:
http://www2.senar.com.br/Noticias/Detalhe/13081
https://www.agro.bayer.com.br/alvos/lagarta-do-complexo-spodoptera#tab-2