Guia Rápido #4: Saiba mais sobre o Percevejo-Barriga-Verde: Dichelops spp.

Foto: José Madalóz

Atualmente, há duas espécies de importância econômica que são conhecidos popularmente como este nome, sendo eles: Dichelops furcatusDichelops melacanthus (Hemiptera: Pentatomidae). Ambos possuem a face dorsal marrom e a face ventral verde, embora isso não seja regra pois nos meses mais frios do ano, a parte ventral passa a ter uma coloração marrom-acinzentada. Algumas características que os diferenciam são que o D. furcatus é ligeiramente maior (medindo cerca de 10 mm de comprimento) e possui os prolongamentos laterais no pronoto da mesma cor do dorso. Já o D. melacanthus é menor (cerca de 7 mm) e apresenta a extremidade dos espinhos mais escura do que o resto do dorso. O seu nome melacanthus vem desta característica, que significa “cantos escurecidos”.

Foto: Lisonéia Fiorentini Smaniotto – Fonte: Embrapa
A: Dichelops furcatus             B: Dichelops melacanthus

Esses percevejos são fitófagos e se alimentam dos conteúdos celulares das plantas. Causam muitos prejuízos principalmente na cultura do milho, mas podem infestar também soja, sorgo, aveia, centeio, cevada, milheto, trigo, triticale.

O período de ovo a adulto dura cerca de 27 dias. Os ovos possuem coloração verde-clara, ovoides, dispostos em grupos de tamanho variável que são formados por três ou mais fileiras, que conforme vão ficando mais próximos de eclodirem, vão escurecendo. A fase de ninfa tem cinco ínstares, sendo que a partir do 3º ínstar iniciam os danos mais representativos. As ninfas possuem coloração marrom-acinzentada na região dorsal e coloração verde no abdômen, podendo ser confundidas no campo com ninfas de Euschistus heros, mas se diferenciam pelas jugas bifurcadas e agudas e pela coloração do abdômen.

Os percevejos são mais ativos pela manhã, no final da tarde ou durante a noite (horas mais amenas). Nas horas mais quentes, os adultos costumam se esconder na palhada ou em plantas daninhas hospedeiras.

Ocorrência

Em geral, Dichelops melacanthus é mais encontrado no Centro-Oeste, Sudeste e região Norte do Paraná, enquanto D. furcatus é mais encontrado no Sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O primeiro registro da ocorrência de percevejo-barriga-verde atacando plântulas foi em 1993, em Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul. No mesmo ano, nos meses de novembro e dezembro, observaram-se também ataques nas regiões de Campo Mourão (PR) e Cascavel (PR).

Inicialmente, as duas espécies de percevejo eram mais frequentes na região Sul do Brasil, porém, tem se tornado cada vez mais frequente os problemas nas regiões que cultivam milho segunda safra, especialmente no Centro-Oeste.

O sistema de plantio direto pode favorecer a presença dessas espécies, que sobrevivem em restos culturais. Também o sistema de cultivo sucessivo de soja/milho tem facilitado o desenvolvimento dessa praga, por isso é importante o monitoramento de Dichelops spp. na palhada, antes da semeadura do milho.

Danos

Em milho, as duas espécies causam danos grandes e irreversíveis. Os maiores danos têm sido verificados quando ocorrem alta incidência da praga simultaneamente a períodos de estiagem. Assim, os prejuízos causados pelos danos do percevejo-barriga-verde podem variar desde perdas médias de 30%, podendo chegar a 60% da produção de plantas sobreviventes, podendo inclusive não gerar espigas, até a morte de plantas e necessidade de replantio. Em algumas regiões, Dichelops spp. podem ser consideradas a principal praga.

Quando a infestação ocorre nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas, os danos são maiores. Os danos causados pelo inseto não são visíveis logo no início da emergência do milho, mas sim a partir do décimo dia da emergência. Tomar medidas de controle após visualizar os danos em geral não ameniza o problema.

O principal dano é o perfilhamento (cujo sintoma é conhecido como “enrosetamento”), que é causado pela alimentação tanto de adultos como de ninfas com a introdução de seus estiletes na base das plantas, através da bainha das folhas, atingindo as folhas internas, com extração da seiva e injeção de substâncias tóxicas. Outros danos em plântulas são o “encharutamento” (alteração fisiológica na planta, que dificulta o desenrolamento das folhas), murchamento das folhas centrais (sintoma conhecido por “coração morto”), lesões simétricas (furos) com bordas amareladas no limbo foliar, amarelecimento e necrose tecidual. Devido a isso, pode ocorrer morte das plântulas e redução do estande final (número de plantas por metro).

As lesões causadas pelo Percevejo-Barriga-Verde apresentam um halo amarelo na circunferência dos furos, se diferenciando das lesões de Spodoptera e Diabrotica. Esse halo é devido a toxina injetada no momento da alimentação do percevejo.

Segundo a Embrapa, o nível de dano para o controle do percevejo-barriga-verde no milho safrinha é inferior a 1 inseto para cada 5 plantas de milho na lavoura, nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura. Alguns autores indicam que o nível de controle seja ainda mais baixo, de 0,58 percevejo por m2. Estima-se que o nível de dano econômico seja de 2 percevejos por m linear, devido a agressividade desta espécie.

Estas espécies também costumam ocorrer em soja, mas sem causar danos expressivos devido à baixa densidade populacional (menos de 15% da população de percevejos) e por ocorrer mais no final do ciclo desta cultura. Porém, a população que se desenvolve na soja pode causar maiores problemas para a cultura seguinte, como o milho ou o sorgo.

Controle

Uma dificuldade para o controle do Percevejo-barriga-verde é a identificação do início da infestação. Para os produtores que pretendem cultivar milho na sucessão da soja, recomenda-se iniciar o controle da praga ainda na primeira cultura, antes da colheita, pois o dano maior no milho é provocado pela fase adulta do percevejo, que migra da cultura anterior ou de culturas adjacentes. O controle deve ser efetuado até V4.

Para um bom manejo da praga e prevenção de danos no milho, a melhor estratégia é a realização do MIP (Manejo Integrado de Pragas). Podemos usar as seguintes estratégias: Ainda na cultura da soja, controlar a população do percevejo; eliminar plantas daninhas que possam servir de abrigo para os percevejos (principalmente trapoeraba, capim carrapicho, capim amargoso), durante todo o ciclo da cultura; se for detectada uma população alta de percevejos na palhada, antes da semeadura, pode ser necessário aplicar inseticida em dessecação; tratamento de sementes com misturas contendo neonicotinoides + carbamatos têm sido bastante utilizadas como ferramenta auxiliar e pode ser fundamental para o estabelecimento da cultura; controle biológico através de microhimenópteros do gênero Trissolcus;  pode ser necessária aplicação de inseticidas na parte aérea das plantas quando constatado 0,8 percevejo/m2.

Quanto ao uso de inseticidas, aplicar na dessecação pode ser inócuo, devido ao efeito guarda-chuva. É mais efetivo aplicar após o plantio e antes da emergência. Evitar aplicações de inseticidas nas horas mais quentes do dia ou nos períodos em que a praga está abrigada, como à noite, em dias chuvosos ou logo após chuva, ou em dias com baixas temperaturas.

Os focos de ocorrência podem ser detectados por meio de monitoramento, que é fundamental manter para definir o momento da aplicação na parte aérea do inseticida registrado.

No caso de cultivos Bt, é importante lembrar que essa tecnologia não visa o controle do percevejo-barriga-verde, apenas de lagartas. Por isso, continua fundamental o monitoramento de Dichelops spp.

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Este artigo teve como referências:

http://www.pioneersementes.com.br/blog/17/manejo-de-pragas-iniciais-no-milho-safrinha

https://www.agro.bayer.com.br/alvos/percevejo-barriga-verde

https://maissoja.com.br/prioridades-mapa-dichelops-melacanthus-percevejo-barriga-verde-em-milho/

https://maissoja.com.br/prioridades-mapa-dichelops-melacanthus-percevejo-barriga-verde-em-milho/

http://www.pioneersementes.com.br/blog/116/periodo-suscetivel-do-milho-ao-ataque-do-percevejo-barriga-verde-e-o-efeito-do-tratamento-de-sementes-industrial-para-controle

http://www.roundupreadyplus.com.br/2018/wp-content/themes/rrplus/assets/boletins/artigo_08.pdf

https://www.agrolink.com.br/problemas/percevejo-barriga-verde_512.html

https://www.gea-esalq.com/informativo-gea-percevejo-bar-verde

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1019899/1/FL08528.pdf


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